segunda-feira, setembro 16, 2013

Doc "Yo me llamo Cumbia" quer desvendar as origens do ritmo latino


Dirigido por Roberto de Zubiria e Sergio Zaraza e produzido por Maria Neila Santamaria, o documentário "Yo me llamo Cumbia" (Eu me chamo Cumbia) tenta desvendar as origens do fascinante ritmo latino. Falando com artistas da antiga geração e com novos nomes que a estão reinventando, o filme de 52 minutos mostra manifestações e versões da cumbia em vários países, partindo da Colômbia, seu país de origem. Há entrevistas com Aterciopelados, Quantic, Pernett, Totó La Monposina e vários outros artistas e apaixonados por música latina.

Ainda não há data de estreia prevista, mas várias cápsulas já estão sendo divulgados pelos links www.youtube.com/cumbiadoc // @cumbiadoc // www.facebook.com/cumbia.documental // www.yomellamocumbia.com

Veja abaixo o trailer no YouTube e um demo de 6 minutos no Vimeo:

 

terça-feira, setembro 10, 2013

#fránacolômbia: Parte 1 - Cartagena de Índias (Sim, a resposta é Colômbia! ♥)

Bandeira da Colômbia no meio do mar do Caribe


Meu interesse pela Colômbia começou por volta de 2009, quando vi no Flickr as fotos de viagens de um casal de amigos para Cartagena de Índias e Bogotá. Achei lindas as imagens e comecei a me informar melhor. Descobri um país de cultura e natureza muito ricos (é um país andino, amazônico, pacífico, caribenho e com influência negra) e em plena reconstrução de sua autoestima e imagem. Comecei também a prestar mais atenção nas bandas e artistas locais, - sobre as quais já falei várias vezes aqui no blog -, foi aí que me apaixonei de vez e decidi que precisava conhecer o país. 

Claro que volta e meia ouvia alguma gracinha tipo "nossa, Colômbia, o que você quer fazer lá?", mas nem dava trela pois a cada matéria ou artista que eu conhecia que eu lia só me encantava mais. Conhecer a Europa e os EUA é bom, eu mesma quero conhecer. Mas temos ao nosso lado lugares tão lindos e fascinantes, precisamos eliminar de vez o preconceito com os outros países da América do Sul (e não vale ir pra Buenos Aires ou Santiago só porque parecem a "Europa latina", haha). 

Em ritmo de Bomba Estéreo
Demorou um tempo pra eu conseguir matar essa vontade, até acabei indo antes pro Primavera Sound, em Barcelona (ainda estou devendo o post prometido sobre essa viagem, sorry!). Mas em maio, através de um amigo, tomei conhecimento do concurso The Answer is Colombia, que premiaria 12 pessoas em todo o mundo para conhecer seis cidades do país. Entrei nos últimos dias do concurso mas fiz uma campanha ferrenha, apurrinhei todos os amigos, parentes, conhecidos, vizinhos e agregados e acabei sendo a primeira colocada, com mais de 260 retweets da minha frase. (Obrigada, obrigada, mil vezes obrigada! ♥)

Entre as seis experiências oferecidas, escolhi Cartagena de Índias e marquei a viagem para 20 de agosto, uma terça-feira. A produção do concurso ainda permitia que você esticasse um período, por sua conta própria, então acabei ficando mais cinco dias em Bogotá (farei outro post à parte sobre a capital). Preparei tudo o que precisava e embarquei feliz rumo à Colômbia. 

Hotel Las Americas
Como não há um voo direto de São Paulo para Cartagena, acabei indo para Bogotá antes e fiquei um dia para gravar entrevista para o Marca Colombia (empresa do governo que promoveu o concurso), receber brindes da viagem, o chip da operadora Uff Móvil e o seguro de vida e saúde fornecido pela Allianz. O voo de São Paulo a Bogotá sem escalas dura seis horas pela Avianca (companhia aérea da qual eu já gostava dos serviços mesmo antes de saber que era colombiana). Na capital, fiquei no ótimo Hotel AR Salitre, próximo ao Aeroporto Internacional El Dorado. Cheguei a explorar a noite de Bogotá já nesse primeiro dia, mas vou falar a respeito no post dedicado à cidade.

Na quarta-feira embarquei para Cartagena de Índias, enfim. Descendo na cidade, depois de 1h30 de voo, já senti um calor delicioso, em contraste com clima frio e chuvoso de Bogotá, que é parecido com o de São Paulo. A partir daí, tive praticamente cinco dias de princesa, haha. Tinha motorista para me levar para cima e para baixo, fui nos melhores restaurantes da cidade e fiquei hospedada no Hotel Las Americas, um resort 5 estrelas com nada menos do que 10 piscinas e um atendimento incrível. Não tirei a mão do bolso para nada, só para comprar regalitos para mim e para a minha família! ;-)

Llorando na Plaza San Pedro Claver
À noite, quando entrei pela primeira vez na Cidade Amuralhada, não contive as lágrimas com tanta beleza e de tanta alegria por estar ali (dá até pra perceber a minha carinha de choro na foto ao lado, hahaha). A Cidade Amuralhada é cercada por uma larga muralha construída entre os séculos XVII e XIX que tinha como função proteger Cartagena de ataques piratas e exércitos inimigos. Dentro dela ficam o Centro Histórico, San Diego, La Matuna e Getsemani (o bairro hippie), com construções antigas e belíssimas. Na região ficam vários restaurantes, bares, hostels, lojinhas, museus, praças e comidinhas de rua e sempre muita gente circulando. 

A história de Cartagena de Índias foi marcada pelo sofrimento (inquisição, ataques piratas, escravidão) mas a cidade não tem um pingo de baixo astral. É uma cidade alegre, colorida, segura e bem preservada, uma lição para outras cidades turísticas do Brasil. Em 1984 foi declarada pela Unesco Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Os colombianos são muito amáveis e receptivos e o país vive em listas dos mais amigáveis do mundo. Pra vocês terem uma ideia, em um dos restaurantes que almocei o garçom (camarero) viu a foto da Amy Winehouse como papel de parede de meu celular e imediatamente colocou um CD dela pra tocar. É muito amor! ♥

Um copo de suco custa em média 1000 COP (R$ 1,18)
Todo esse clima de construções coloniais, carruagens passando (carros são proibidos no Centro Histórico), meia iluminação, o céu estrelado e a brisa do mar criam uma deliciosa aura romântica à noite. ♥ Não são poucos os casais passando a lua de mel ou até mesmo fazendo suas cerimônias por lá. Não duvido nada que fazer um casamento por lá saia mais barato do que os preços absurdos de São Paulo. Fica aí a sugestão para futuros pombinhos, haha. ;-)

Em cada esquina de Cartagena de Índias é possível encontrar vendedores de sucos e de frutas, sempre fresquinhos, o que era um alívio tremendo pro calor da cidade. Uma das coisas que mais gostei foi a famosa limonada de coco, bebia umas três por dia. =D Um refresco tão simples que mal dá pra acreditar não termos essa mistura no Brasil. Pedi para um dos barmen do Hotel Las Américas explicar a receita pra gente, vou editar o vídeo e subir no YouTube nos próximos dias.

El Santísimo
A culinária da costa colombiana é bem diferente da capital, pois sofre influência africana, caribenha e mediterrânea. Coco, banana, peixes e frutos do mar são muito utilizados. Quase todos os pratos vêm acompanhados por arroz de coco e chips de banana. E como eu AMO peixes e frutos do mar me fartei! ;-) Entre os restaurantes, o meu favorito foi o El Santísimo, que oferece o "plano milagre" a 85.000 COP (equivalente a R$ 100,54), com o cardápio à sua disposição, com bebida e comida ilimitadas por 2 horas. Outro do qual gostei muito foi o Club de Pesca, que tem uma vista de tirar o fôlego. 

Nesses restaurantes mais finos um bom jantar por pessoa custa em média 80.000 COP (equivalente a R$ 94), incluindo entrada, prato principal, sobremesa e um suco. Mas dá pra encontrar outros bem mais baratos. Não se esqueçam de que eu estava no esquema "like a boss"! =D Outros que eu conheci foram: Restaurante San Pedro, FM Restaurante (o do garçom fã da Amy), Palo Santo e Vera, cada um com o seu charme.

Rua da Cidade Amuralhada
Na Cidade Amuralhada fiz o circuito "La Cartagena de Gabo", passando pelos lugares importantes na vida e obra do escritor colombiano Gabriel García Marquez. Por uma falha de caráter, nunca havia lido nada do autor, - o que estou corrigindo agora -, mas quem é fã do escritor com certeza irá se emocionar ainda mais reconhecendo os cenários que o inspiraram e que são citados em seus livros. Com a ajuda de um mapinha e um audioguia, esse passeio pode ser adquirido de um quiosque dentro da Catedral, é só alugar o aparelho e devolvê-lo em até quatro horas.

Para passear pela Cidade Amuralhada arme-se de um tênis bem macio, chapéu ou boné, roupas leves, filtro solar, água, óculos escuros, dinheiro trocado e uma câmara fotográfica bem carregada e com muito espaço. Dá pra perder horas passeando pela cidade e descobrindo vários cantinhos. Se você é um fotógrafo razoável, o que não é o meu caso :-(, dá pra voltar com fotos lindíssimas. 

La palenquera, vendedora de frutas, figura típica de Cartagena
Uma das coisas que torna a Colômbia tão interessante é a presença negra. É o 3º maior país do continente americano em população negra, depois dos Estados Unidos e o Brasil, - com 7 milhões de negros -, dentro de uma população de 47,7 milhões. A escravidão no país foi tão cruel como em outros lugares, mas a cultura africana acabou influenciando fortemente a economia, culinária, política, idioma e cultura. Não deve ser à toa que o país é tão rico também musicalmente, com mais de 80 ritmos autóctones (dizem que o número de ritmos folclóricos passa de mil). ♥

As praias da cidade de Cartagena são urbanas, com areia escura, águas não muito claras e pouco atrativas. Então, pra conhecer praias mais bonitas você tem que pegar um barco ou lancha para ilhas mais distantes. Fiz uma visita ao Oceanario Islas del Rosario e depois à famosa Playa Blanca, na Isla Baru, com suas areias branquinhas e o mar verdinho e tranquilo. Cartagena de Índias é considerada a porta de entrada do Caribe e não é tão cara quanto Aruba, Cancún, Bermuda etc. O único inconveniente da Playa Blanca são os vendedores e massagistas um pouco insistentes. Seja firme no "no, gracias". Mas a praia é lindíssima e valeu o passeio. Eu iria também para a Isla Majagua, mas fiquei resfriada por causa da mistura de calorzão + ar condicionado no talo no hotel e acabei desistindo. :-( 

Playa Blanca, na Isla Baru

Para comprinhas, vá até Las Bóvedas, um centro de arte e artesanato que reúne várias lojinhas. Há acessórios e bolsas lindíssimos na cidade (as mochillas colombianas são famosas) mas, como em qualquer cidade turística, saiba regatear o preço. E como a Colômbia é um dos maiores produtores de esmeraldas, há várias lojas de joias com a pedra preciosa. Se você viajar com mais dindim no bolso, aproveite, dá pra achar brincos bem bonitos a partir de 50.000 COP (R$ 59,14).

Cartagena de Índias é cidade para mochileiros solitários, casais, famílias e turmas de amigos, há encantos para todo tipo de turista. Faça sua programação mas reserve pelo menos um dia pra se perder pela cidade. Creio que com cinco dias já dá pra fazer e conhecer bastante coisa. A única coisa que não consegui, pois viajei sozinha e fiquei sem graça, foi pegar uma boa noitada de salsa. Mas isso fica pra próxima oportunidade pois com certeza vou querer voltar para a cidade. ;-)

No Instagram dá pra ver mais fotos da viagem. Vou subir também nos próximos dias um álbum de fotos no Flickr

Fiz uma lista no Foursquare de lugares a conhecer na Colômbia. Não consegui ir a todos mas fica a dica.

Dicas da Frá:

Algumas coisinhas que aprendi nessa minha (ainda) curta vida de viajante. ;-)

* Para viajar para a Colômbia não é necessário visto ou passaporte, apenas carteira de identidade (RG). Carteira de motorista, certidão de nascimento e CPF, no entanto, não são aceitos. Mas com o passaporte elimina o preenchimento de uma ficha na migração e dá a impressão de que você é mais "respeitado", então tire um dia pra fazer isso logo, caso você ainda não tenha um. Tirei o meu em uma tarde no Shopping Light, no Centro de São Paulo (veja infos aqui).
* Teoricamente ainda é necessário tomar a vacina de febre amarela para viajar a Cartagena. Cheguei a tomar e levar a documentação mas ninguém me pediu nada na chegada. Mas como diz o Riq Freire, tome logo e elimine essa preocupação por dez anos. Por incrível que pareça, consegui tomá-la em menos de 15 minutos no Ambulatório do Viajante, no Hospital das Clínicas.
* Oferecem voos para a Colômbia a companhias Avianca, Copa, TACA e LAN.
* Li alguém falando que uma das maiores causas de extravio de bagagens são as etiquetas de voos antigos que continuam coladas nas malas. É bonito mostrar que é viajado mas retire todas de sua mala.
* Se a sua mala é verde, preta, azul marinho e fácil de confundir com outras centenas, coloque uma bag tag ou fitas de tecido bem coloridas para identificá-la mais rapidamente na esteira.
O peso colombiano (COP) é a moeda oficial do país. Dificilmente as casas de câmbio no Brasil têm essa moeda pra vender, então troque direto na Colômbia. Ou, melhor ainda, leve dólares, pois pagam pouco pelo real. No Aeroporto Internacional El Dorado (de Bogotá) há uma casa de câmbio no primeiro andar, ao lado da Porta 4. Como a contagem é feita em milhares não vá achando que você está "rico" e torrar tudo, haha! Não é tanta diferença assim de BRL para COP, então imagine que 1.000 é 1 real.
* Não tenho cartão de crédito, mas quando fui para Barcelona fiz o Cash Passport Card (Multimoeda), que é como se fosse um cartão pré-pago. Você tem que controlar direitinho o que gasta por dia, mas pelo menos não paga altas taxas de IOF e não volta pra casa com dívidas. \o/
* Ande sempre com trocadinhos pois nem sempre os comerciantes de Cartagena dispõe de troco para notas altas ou máquinas de cartões de débito e crédito, principalmente nas praias.
* A Colômbia tem duas horas a menos em relação à São Paulo (GMT/UTC - 05:00 hour).
* A energia elétrica é de 110 volts. As tomadas são do tipo americano, com dois pinos planos.
* Rumba/rumbear: não é apenas o ritmo musical. É também como os colombianos chamam as festas/baladas. ;-)
* Recorrido são as rotas/passeios.
* Nos restaurantes, uma refeição geralmente é composta por pan y mantequilla (pão e manteiga), entrada, plato fuerte (prato principal) e postre (sobremesa). Para beber, jugo (suco), cerveza (cerveja) ou gaseosa (refrigerante).
* Clave de wi-fi: senha de wi-fi (com pronúncia americanizada mesmo). Quase todos os estabelecimentos comerciais contam com uma boa conexão.
* A la orden (às ordens, em português) é provavelmente a frase que você mais ouvirá dos amáveis e prestativos colombianos. ♥

Nos próximos dias, #fránacolômbia: Parte 2 - Bogotá (amor eterno ♥ ♥ ♥)