Hehehe, essa semana estou quebrando o pau em algumas listas por causa do show do Guns n' Roses. Foi um puta showzão! Claro, que em termos de música ficou atrás do REM e do Foo Fighters, mas só de ouvir pela Jovem Pan FM (tô sem TV em casa), fiquei extremamente emocionada! Afinal, como dizia o Tim Maia (homenageado no show, hehe!): "paixão antiga sempre mexe com a gente!". E o pior é que as pessoas que estão falando mal do meu "ídalo" acham que estão falando uma grande novidade. Claro que foi um show de bizarrices e decadência, mas Axl deu ao povo o que ele queria: clássicos e entretenimento! Quem quer ver showzinho intimista, que não vá ao Rock in Rio. E essa coluna do André Barcinski retratou quase tudo o que eu achei sobre o show:
Coluna do André Barcinski (16/1)
El Foco Brasil
Guns faz Rock In Rio valer a pena
Está um pouco cedo para prever, mas já temos um sério candidato a show de rock mais bacana do século 21: o do Guns N'Roses na noite de domingo, no Rock In Rio.
Tudo bem, o Axl é uma mala, não fala com ninguém, não deixou fotografar o show, deu chilique pra cima e pra baixo, mas uma coisa ninguém pode negar: o sujeito sabe dar um show.
É engraçado falarem da falta de humildade de Axl, quando ele é um dos poucos rockstars por aí que faz exatamente o show que a galera quer ver, sem arroubos pretensiosos. Com o Guns não tem esse negócio de ficar enchendo o saco da galera com músicas novas que ninguém conhece. É sucesso atrás de sucesso e pau na máquina.
E o cara fez umas jogadas de marketing desavergonhadas, dignas de um Paulo Maluf em campanha: primeiro mandou o guitarrista tocar "Sossego", de Tim Maia, e conseguiu o que Carlinhos Brown não conseguiria em 100 anos: fazer metaleiro curtir música black brasileira. Depois, mandou traduzirem para o português tudo que ele falava para a platéia, o que criou um clima de maior intimidade (e haja carisma para ter intimidade com 200 mil pessoas de uma vez!).
Só quem estava lá no meio do povão sabe o que foi esse show. Ver 200 mil maníacos pulando em "Sweet Child O´Mine" foi impressionante, uma manifestação de amor roqueiro que o pop atual, tão cínico e blasé, parece ter perdido. Já dizia Lux Interior, do Cramps: "roqueiro que é roqueiro quer pular e se esgoelar, não quer ver um bando de frescos cantando sobre seus problemas".
É fácil não gostar do Guns; o som tem um ranço ledzepelliniano forte e muitas vezes descamba para o rock de arena mais rasteiro. Mas a banda também tem algo que falta nos grupos de hoje: cara-de-pau. Sim, o rock hoje é tímido e calculista; as bandas que fazem sucesso são bons moços tipo Travis e REM, ou espertinhos cínicos como os irmãos Gallagher. E o rock precisa de um ególatra incontrolável tipo Axl Rose, nem que seja para não morrermos de tédio.
Axl vem de uma linhagem de rockstars do naipe de Freddie Mercury, Gene Simmons e Elton John, sujeitos capazes de cometer os atos mais constrangedores em cima de um palco, se isso de alguma forma ajuda a tornar o show melhor para o público. Domingo foi um festival de absurdos: ele se derramou em prantos, chamou uma escola de samba para homenagear o Brasil, desancou os antigos companheiros do Guns e disse umas 157 vezes que amava o público brasileiro. Se o rock é um teatro, como dizia Alice Cooper, Axl é o nosso Francisco Cuoco: um canastrão, porém amado.
André Barcinski escreve às terças no El Foco. E-mail: colunistas@elfoco.com
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