segunda-feira, janeiro 15, 2001

Hoje eu concordei com cada palavra da coluna do maleta do Álvaro Pereira Jr. Atentem o último parágrafo! Foda! Neil Young com o Crazy Horse! É demais pro meu coração!!!

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Tome vergonha na cara e vá ao Rock in Rio
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Se você é jovem e não foi nem vai ao Rock in Rio, deveria descer já para o mais ardente dos infernos.
Quer dizer, mais ou menos. Se você não tem grana, ou é daqueles que nem sabe direito que história é essa de Rock in Rio, porque só pensa em ir para a praia fazer bagunça... Bom, aí ainda dá para perdoar.
Mas se o seu negócio é protestar, ser revoltado, clamar contra as atrações "comerciais" do Rock in Rio, aí seu caso é mesmo de internação em hospital psiquiátrico.
Uma das principais razões de países como EUA e Inglaterra terem um cenário roqueiro tão desenvolvido é justamente a quantidade cavalar de shows que abrigam. Muitos shows = muito público = muitos moleques da platéia que decidem formar bandas = muitas novidades sendo lançadas. Uma equação bacana, certo?

Agora, ficar em casa clamando contra a contaminação da música pela sanha capitalista, ou chiando porque não trouxeram aquela banda do interior do País de Gales que você tanto adora... Ora, tenha a santa paciência. Da próxima vez, levante-se você da cadeira, entre em contato com sua banda predileta e a leve ao Brasil, como tanta gente com iniciativa já anda fazendo.

Falando em atitude estranha, não consigo acreditar no papo de que conjuntos como Raimundos e Charlie Brown Jr. não aceitaram tocar porque teriam de se apresentar de dia, com condições técnicas inferiores às dos estrangeiros. Posso estar sendo injusto, mas isso para mim tem cheiro de Jânio Quadros -ou seja, esse pessoal deve ter tentado alguma coisa que não deu certo (como Jânio tentou um golpe), e, uma vez que o plano furou, a opção foi pela renúncia. No festival Lollapalooza de 1992, aqui nos EUA, vi, tocando de dia, como segunda banda da escalação, ninguém menos que o Pearl Jam, que já era um sucesso estrondoso.

Se você tiver que optar por uma só atração do Rock in Rio, escolha Neil Young. O tempo passa, as modas mudam, e ele faz o que bem entende, sem nunca deixar de ser radicalmente cool. Ele deve se apresentar com o Crazy Horse, a mais barulhenta entre suas várias bandas de apoio. Para você ter uma idéia da selvageria, Young reluta em tocar com os caras porque está ficando surdo, e eles pegam tão pesado que sua doença pode piorar. Neil Young é a própria história do rock, em sangue, carne e osso. Não perca.

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