Em coluna publicada dia 16/03 no jornal Folha de São Paulo, com o título "Cultura de Bacilos", Bárbara Gancia expõe todo seu desconhecimento sobre a cultura hip-hop e envergonha a categoria dos jornalistas.
Abaixo, um trecho do texto, no qual a autora expõe todo seu pre-conceito: "Desde quando hip-hop, rap e funk são cultura? Se essas formas de expressão merecem ser divulgadas com o uso de dinheiro público, por que não incluir na lista o axé, a música sertaneja ou, quem sabe, até cursos para ensinar a dança da garrafa?"
Proteste enviando um e-mail para barbara@uol.com.br. Eis o que escrevi...
Vergonha Alheia
Minha irmã diz, "não tem o que falar, respira". Cara Bárbara, adaptando esta frase para os tempos de internet, "se não tem o que digitar, vá se coçar"...
Assim como existem os rappers e funkeiros gangstas e sexistas também existem os roqueiros "malucos", os sambistas que não pagam pensão, os sertanejos que não reconhecem seus filhos, e os milionários cantores de MPB que usam e abusam de leis rouanets para conseguir patrocínios para suas turnês...
Não se pode generalizar todo um gênero musical com vários anos de história e seus seguidores por existirem esses "maus elementos". Assim como não se pode tachar toda imprensa brasileira de péssima por conta de meia dúzia de jornalistas mal informados.
Só pra citar alguns exemplos. Do grafite, que a senhorita acha que não é arte, temos grandes nomes como Zezão e Os Gêmeos, que já levaram sua arte e representaram o Brasil em todo o mundo. Entre os DJs, que a senhorita certamente não deve achar uma profissão, temos os DJs Tano, Hum, Primo, Puff, e DJs de eletrônica como Marky, Patife, Renato Cohen, Mau Mau, todos reconhecidos internacionalmente por seus trabalhos.
No rap temos nomes como o Z'África Brasil, Mamelo Sound System, Thaíde, Radiola Santa Rosa, Instituto, SNJ, Mzuri Sana (este inclusive com influência em suas letras da obra de Machado de Assis), todos ligados a trabalhos sociais, levando boas mensagens para o seu público e resgatando trabalhos obscuros da música brasileira. É só dar uma googlada básica nesses nomes e ver que suas letras JAMAIS passaram qualquer mensagem bélica ou preconceituosa.
Mesmo o funk carioca, com suas descerebradas canções, tem o seu valor social e cultural. Além, do que é tão (ou mais) importante na música quanto passar uma mensagem: divertir.
Aliás, “criação nossa” na música brasileira é outra coisa bem discutível. Me admira a senhorita, de origem italiana, discriminar algo que vem de fora... De ritmo 100% brasileiro só temos os indígenas. Desde o samba, jongo, lundu, bossa-nova até os atuais axé, lambada, sertanejo e funk temos influências de outros países e culturas.
A senhorita gostando ou não esses gêneros musicais são sim manifestações CULTURAIS presentes, importantes (musical e socialmente) e como tudo na vida, com dois lados.
Flávia Durante, 30 anos, jornalista, São Paulo/SP
Por essas e outras que eu pago um pau nervoso pra você! Flávia é gente que faz!
ResponderExcluirParabéns, Flávia. Sua resposta está muito bem fundamentada, ao contrário do texto dela.
ResponderExcluirVou linkar lá no blog.
Mandou bemzaço!!!!!! Abalô! Fecho contigo em cada letra!
ResponderExcluirBárbara veste Prada, foi o me disseram...
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