Como jornalista e editora de sites há alguns anos, quase diariamente recebo muitos currículos e vejo que muitos ficam perdidos ao entrar em contato com um possível empregador. Pra isso escrevi algumas dicas de como um estudante ou recém-formado em Jornalismo deve mandar um currículo. Vamos lá:
1) Uma empresa de Comunicação (redação, agência ou assessoria) dificilmente é formal como um escritório de advocacia ou uma repartição pública. Então esqueça formalidades como: "envio por meio desta missiva o meu curriculum vitae para vossa apreciação". Com tanta pompa, só faltaram as letras góticas e o mata-borrão, né? Seja educado mas seja mais informal: "Olá, tudo bem? Vi o seu anúncio na internet e estou enviando o meu currículo e portfólio pra concorrer à vaga". Simples assim. Atenção: não é porque pode ser informal que precisa esculachar e usar vc e pq. E dependendo do veículo, o uso moderado de emoticons pode ser simpático. ;-)
2) Pesquise sobre a empresa para a qual você está mandando currículo. Por exemplo: se a vaga é para Trip Editora não fale como se fosse para a Trip Linhas Aéreas pois já pega mal logo de cara (pois é, já aconteceu isso em um currículo que recebi). Quem não consegue entender nem um simples anúncio de emprego, piorou uma pauta complexa.
3) Você pode até enviar o currículo em doc ou pdf, mas não esqueça de enviá-lo também no corpo do texto pois às vezes o empregador não tem tempo pra abrir todos os arquivos. Um perfil no Linkedin bem completo e atualizado também é prático e bacana. Peça recomendações para colegas com quem você já tenha trabalhado ou estudado, somente pra eles. Junto com o currículo faça uma breve apresentação de suas habilidades e experiência, como se fosse um resumo de seu CV.
4) Mesmo que sua praia não seja o jornalismo em internet, mostrar-se conectado é essencial. Se você não gosta de Twitter ou Facebook mantenha pelo menos um blog ou Tumblr como seu portfólio. Se você estiver concorrendo a vagas em jornalismo em internet ou mídias sociais é até desnecessário dizer que quanto mais conectado e atualizado você estiver, melhor. Por incrível que pareça, já recebi currículos para mídias sociais onde o candidato não estava em nenhuma rede social.
5) Você pode fazer o portfólio com os seus textos mais relevantes no Blogger, Wordpress, Tumblr ou no excelente Pressfolios. Se você é estagiário ou recém-formado e ainda não tem muito material, publique seus melhores textos da época da faculdade, o seu TCC ou escreva resenhas ou artigos sobre assuntos em voga. Se possível peça pra algum colega mais experiente dar uma revisada. Veja aqui bons exemplos de portfólios de jornalistas.
6) A primeira coisa que um jornalista deve ler em uma revista, jornal ou site é o Expediente. É lá que a gente fica sabendo se aquele antigo colega de trabalho ou professor virou editor e pode futuramente te descolar uma vaga. Mas atenção: fazer networking é diferente de fazer a íntima. Faça seus contatos mas não force a intimidade. Pode até dar certo, mas muitos outros percebem e começam a te evitar.
7) Não faça spam de currículo, mandando-o aleatoriamente pra centenas de e-mails em cópia (em cópia aberta, pior ainda!). Se você quer mandar CVs sem um anúncio específico escreva os e-mails um por um, com o nome do editor e falando por que você gostaria de trabalhar naquela empresa e o que teria a acrescentar. E nunca ligue pra saber se receberam o seu currículo, muito menos apareça na redação sem avisar. Você pode pegar um editor tenso em fechamento e queimar o seu filme por um bom tempo.
8) Um bom modo de fazer contato com editores é oferecer pautas ou textos prontos de acordo com o perfil do veículo. Ou seja, não ofereça pautas sobre consumo de luxo pra uma revista com um perfil mais descolado. Às vezes até vale a pena ceder no início de carreira cobrando pouco ou nada pois ajuda a formar seu portfólio ou até render uma vaga no futuro. Essa é uma questão polêmica e vai de cada um se sujeitar a isso ou não. Eu mesma já fiz alguns trabalhos de graça que me renderam projeção e também já contratei ou chamei para freelas repórteres que começaram colaborando. Veja se vale a pena ou não para você.
9) Para ficar sabendo de vagas e freelas, fique de olho em comunidades virtuais como a Entusiastas - Empresas e Profissionais e Jornalistas Freelas; blogs/sites como o Novo em Folha, Comunica Vagas, InfoJobs e perfis de Twitter como o @trampos, @socialtrampos, @vagasjornalismo. E os sites de grandes veículos de comunicação geralmente têm um Trabalhe Conosco ou Vagas em algum canto. Para quem pretende ingressar no serviço público, fique de olho no blog Jornalistas Concurseiros.
10) Outra ótima forma de entrar no mercado de trabalho é fazer cursos para estagiários ou trainees dos grandes meios de comunicação. Foi com o curso de Focas do Estadão que entrei no mercado de trabalho de SP. Folha, Abril, Globo também mantém cursos e programas de estágio. O processo de seleção costuma ser difícil, na maioria você tem que parar de trabalhar pra fazer e fica sem um tostão pra nada, mas vale a pena.
Espero que essas dicas ajudem. Boa sorte! ;-)
Update: Bem legais esses posts do Marcelo Sander, com ótimas dicas pra estudantes de Comunicação:
Vale lembrar que o LinkedIn agora com a história dos "visitantes recentes", tá se tornando um ótimo termômetro pra ver se vc está sendo visto ou não. Acabei de me formar e me inscrevi na Catho, pago, mas estou vendo um resultado muito positivo, já que tenho uma boa experiência e pouco portfólio (pois fiz estágio durante 2 anos na área de comunicação interna), fica essa dica também! ;)
ResponderExcluirEnfim: para quem quer ter uma vida decente (significado: ganhar dinheiro sufiiente para pagar as próprias contas e pelo menos uma vez por ano comer num restaurante de verdade, por exemplo) trabalhar em comunicação, a não ser que se tenha MUITA sorte e MUITO talento e MUITO pistolão, é uma merda.
ResponderExcluirMe formei em publicidade, e a ladainha “se dedique muito por muitos anos sem se importar que você ganhará menos de um salário mínimo e sem carteira assinada se QUISER TENTAR se estabelecer” é a mesma.
A Comunicação é uma formidável máquina de formar alguns darlings de um lado e um bando de frustrados de outro. Até quando, meu Deus?
PS: não me venham com o papo de que “ah, em outras profissões também é assim”, PORQUE NÃO É NÃO! Geralmente quando se sai duma facu de Admnistração ou Engenharia consegue-se ao menos ganhar decentemente TRABALHANDO 8 EM VEZ DAS 12 E ATÉ ÀS VEZES 16 HORAS POR DIA que muitas vezes é exigido em Comunicação.
Aliás, das “profissões formais tradicionais”, a única que se equipara em termos de ruindade de pagamento em relação ao tempo para os recém-formados é Medicina. Mas olha que médicos costumam ser bem mais respeitados, prestigiados e protegidos do que jornalistas e publicitários…
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConcordo com tudo, Flávia, menos com a ideia de "se ceder" no início da carreira. Nem todos podem se dar ao luxo de morar com papai e trabalhar de graça. Se todos se valorizassem o mercado também iria nos dar mais valor.
ResponderExcluirMinha família não tem grana, qdo vim morar em SP pra fazer o curso do Estadão minha mãe fez até empréstimo pra eu poder me sustentar 3 meses sem trabalhar em SP. Tem coisa que é investimento, vc perde na hora mas recupera depois. Fora que ninguém se forma e já vai ganhar 3.000 por mês. Não cheguei a trabalhar de graça, mas no meu primeiro emprego eu ganhava 700,00 por mês e trabalhava das 23h às 7h da manhã. Morei em pensão, casa de família, aluguei a parte de cima de um beliche, nem sempre é moleza o início de carreira. Tem que se valorizar sim mas às vezes algumas concessões são necessárias. ;-)
ResponderExcluirJusto, Flávia. Sorte dos que têm família pra poder contar, pelo menos com o mínimo. No meu caso, nem isso tive, e só conseguia pensar sobre porque as empresas pagam tão mal... Mas isso já é outro assunto :)
ResponderExcluirMinha dica pra quem quer "estabilidade" e um salário maizomenos é procurar a área de comunicação corporativa, dentro de empresas.
ResponderExcluirMuito bom, parabéns pela iniciativa!
ResponderExcluirÓtimas dicas. Dei uma entrevista pro blog Implantando Marketing com dicas de como aproveitar bem o período da faculdade de comunicação pra chegar ao ponto de ter um bom currículo, mesmo antes de se formar. http://www.implantandomarketing.com/2011/05/semana-passada-no-texto-atitude-nao-se.html
ResponderExcluirAdorei as dicas. Algumas foram bem importantes pra mim, como, por exemplo, mandar o currículo no corpo do email, isso eu nunca faço.
ResponderExcluirMas ao mesmo tempo também gostei de saber que estou fazendo algumas coisas "certas"! =)
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirEu gostaria de saber quanto ganha um jornalista após fazer fazer esse curso de treinamento, após ser contratado. Grata :)
ResponderExcluir